domingo, 31 de julho de 2011

Saudade

Que mortal saudade,
saudade que muda de gosto,
que no começo, é doce como a esperança.
quando madura, é triste como lembrança,
na velhice, é fria como a vingança.
saudade que corta,
que risca.
que volta.
que fica.

domingo, 24 de julho de 2011

Criatura

Quando a loucura,
toca os dedos nos olhos
da criatura.
Homem e deus,
fundem-se em enlace,
cores de rica estrutura.
No final,
como o sol,
naturalmente nasce,
abstracta mistura.
Dando forma,
a entendimentos que tem na origem,
a realidade do instinto e da consciência,
e do seu lugar no espaço.
Por isso digo, calai coração,
você não sabe o que sente.







Thiago Herek

Só eu

Fim do dia,
Completei,
Cumpri,
No silêncio das letras,
Percebo fatalmente
Que sou só.
Só eu,
Nada mais,
Nem pedaços,
Nem restos,
Nem um farelo sequer da vida dos outros,
Só eu,
Eu.

O que mais poderia esperar,
Além de uma palavra amiga,
Um doce sopro de querer bem,
Uma pequena medida de valor,
Ser importante, pequenamente importante
Para alguém,


O dia pode ser duro,
Passo a passo escalando a vida,
As máscaras do dia e os véus da noite,
O fim perfeito,
E o amargo do dia seguinte.

O que mais eu poderia esperar,
Nunca a quis minha,
Antes sua,
Sua própria, sua mais que tudo,
Mas este seu,
Absoluto,
Bem que poderia precisar de mim,
Que sou só,
Só eu.
Eu.










Thiago Herek

quarta-feira, 6 de julho de 2011

O Monstro

O bruto, sensível monstro.
Que afasta, espanta, expele.
Causa nojo, tamanho o cheiro de amor.

Ávida sede, a de acalmar o peito,
Aceitar que o sonho é estreito,
E está seguro em mãos.

Pela mágoa, sabe que é hora,
De secar as lágrimas, conter o drama,
Fechar a porta para o vento frio.

Sem lutar o monstro que também é besta,
Chora ao saber que ainda,
Além de monstro é fera, sentida,
Perfurada de vida.

Vida que morre, qual lembrança apagada,
Valeu a pena, cada risada.





Autor : Thiago Herek

segunda-feira, 4 de julho de 2011

Cego

Que vontade de sentir, criar seu irreal contorno,
Te beijar profundo e fechar os olhos,
Sentir distante todos os sentidos,
O calor que toma conta da direção,
Corpos que se amarram, se enrolam.
Eu sei,
E dói saber,
Corpos Deveriam ser apenas brilho,
Mas de luz, também se nutri o escuro.
E onde nada há, tudo se cria.
Até amor que vem com brinde,
Presente escondido,
Frio que causa medo,
Vacina que contém veneno,
Amar é correr os riscos de mostrar-se todo,
De perder todas as razões do lógico,
Amar é cegar-se, sangrar-se,
Anular-se.
Pequeno bolso de surpresas,
Caixa de música de terror.
O brilho da prata, da ponta da flecha.







Autor: Thiago Herek